quarta-feira, 6 de abril de 2011

Estória " No Surrão " e Vó Ignêz !!!


       Amados, Bom Dia  e PAZ !!!
    Vila Velha, dia 06/04/2011, Manhã agradável de Outono !!!
    Minha Vó Ignêz, Italiana casada com Bugre, embalou minha infância, com esta estória e outras !!!
    Pude regressar no tempo e voltar àquele quarto onde ela me contava estas    

    MARAVILHOSAS ESTÓRIAS !!!
    Diga-se de passagem,  minha , foi a mulher mais virtuosa que conheci !!!
    Perdão a minha Mãe, Esposa, Irmãs e Amigas ..., mas é a pura verdade !!!
    Moisés Barboni Castorino Brandão


                   A Menina dos Brincos de Ouro - No Surrão !!!
Uma Mãe, que era muito má (severa e rude) para os filhos, deu de presente a sua filhinha um par de brincos de ouro.

Quando a menina ia à fonte buscar água e tomar banho, costumava tirar os brincos e botá-los em cima de uma pedra.

Um dia ela foi à fonte, tomou banho, encheu o pote e voltou para casa, esquecendo-se dos brincos.

Chegando a casa, deu por falta deles e com medo da mãe brigar com ela e castigá-la correu à fonte para buscar os brincos.

De volta a fonte, encontrou um velho muito feio que a agarrou, botou-a nas costas e levou consigo.

O velho pegou a menina, meteu ela dentro de um surrão (um saco de couro), coseu o surrão e disse à menina que ia sair com ela de porta em porta para ganhar a vida e que, quando ele ordenasse, ela cantasse dentro do surrão senão ele bateria com o bordão (vara).

Em todo lugar que chegava, botava o surrão no chão e dizia:
Canta, canta meu surrão,
Senão te meto este bordão.
E o surrão cantava:


Neste surrão me meteram,
Neste surrão hei de morrer,
Por causa de uns brincos de ouro
Que na fonte eu deixei.


( A minha Avó, com sua "licença poética", cantava assim :
   " No Surrão entrei,
      E nele acabarei,
      As continhas de ouro angazinhas,
      No rio deixei" )
 
Todo mundo ficava admirado e dava dinheiro ao velho.
Quando foi um dia, ele chegou à casa da mãe da menina que reconheceu logo a voz da filha. Então, o convidaram  para comer e beber e, como já era tarde, insistiram muito com ele para dormir.

De noite, já bêbado, ele ferrou num sono muito pesado.

As moças foram, abriram o surrão e tiraram à menina que já estava muito fraca, quase para morrer. Em lugar da menina, encheram o surrão de excrementos.
No dia seguinte, o velho acordou, pegou no surrão, botou às costas e foi-se embora. Adiante em uma casa, perguntou se queriam ouvir um surrão cantar. Botou o surrão no chão e disse:
Canta, canta meu surrão,
Senão te meto este bordão.
Nada. O surrão calado. Repetiu ainda. Nada.

Então o velho meteu o cacete no surrão que se arrebentou todo e lhe mostrou a peça que as moças tinham pregado. 
                               F I M
Nota: Conto popular na Bahia e Maranhão. Trazido pelos escravos africanos. No original africano os personagens eram animais.
Em Tempo : Contas de Ouro, é uma expressão usada para designar jóias, especialmente BRINCOS PEQUENOS" !

Vó Ignêz

Um comentário:

  1. A história que vovó contava era um pouco diferente,(talvez outra versão) nela a moça usava contas de ouro "angazinhas" e que ao nadar no rio, o que aliás a mãe havia dito para ela não fazer, deixou-as em cima de uma pedra. Passando pelo local um homem, viu as jóias e a moça e pegou as duas.
    A música também era diferente:
    No surrão entrei, e nele acabarei,
    As continhas de ouro angazinhas
    No rio eu deixei.

    Era a história que eu pedia toda a noite para a vovó contar para mim.
    Sempre foi a minha preferida, e a minha filha a conhece de cor.
    Abs,
    Saulo.

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